Queda de patrocínio, publicidade, número de sócios, exposição nacional. Tudo somado à saída da Arena e a mais 20 mil quilômetros em viagens. Isso é o que espera o Atlético na Série B em 2012.
O primeiro impacto já mexe nos cofres da Arena. Estudo apresentado ontem pela Pluri Consultoria, empresa especializada em negócios relacionados ao esporte, apontou uma desvalorização de um milhão de euros no valor de mercado do time.
Pela projeção apresentada, o valor do elenco estimado no início do ano em 24,4 milhões de euros foi rebaixado para 23,4 mi da moeda europeia. O maior declínio entre as 25 equipes analisadas.
De acordo com o consultor Fernando Pinto Ferreira, a conta é simples. Houve a combinação de três fatores. O primeiro são alguns jogadores em fase mais madura de carreira que não se valorizaram ou até mesmo perderam valor. O segundo são os atletas que tinham um valor um pouco mais alto, não renderam e por isso não se valorizaram ou se desvalorizaram. O terceiro e principal: não houve revelações de peso no Brasileiro.
A conta para baixo tem ainda outros fatores. De acordo com a consultoria Informidia, a queda também afetará a imagem atleticana. Longe dos holofotes, o Furacão terá dificuldades para fomentar receitas.
A Bandeirantes, por exemplo, que transmite a Série B em rede nacional, tem seis pontos no Ibope [em São Paulo]. A Globo tem 24. Isso repercute na visibilidade do patrocinador e quanto valeria a marca Atlético, argumenta Rodrigo Barros, gerente da empresa.
Dentro de campo, há ainda o choque cultural. Disputamos a Série B ainda com a mentalidade de Série A. O espírito, o estilo do jogador é diferente, avisa Marcelo Segurado, superintendente de futebol do Goiás. Na Segunda Divisão vem todo mundo fechado, querendo fazer o melhor contra nós. É a oportunidade de ser visto.
Nenhum dos quatro rebaixados no ano passado (Vitória, Goiás, Guarani e Barueri) conseguiu retornar de bate-pronto.
A dificuldade com as viagens maiores também pesará na Baixada. O Furacão viajou neste ano cerca de 32 mil quilômetros. A milhagem vai aumentar para 50 mil no lado B da bola. Os campos são horríveis, é muito mais difícil trazer jogadores. Eles preferem jogar em times menores, mas na Série A, alerta Segurado.
Diante desta espécie de castigo, o clube também fica mais sensível a perder jogadores que despontaram nesta temporada, como o volante Deivid e o zagueiro Manoel. O último já é especulado no Internacional. No entanto, o presidente Marcos Malucelli não acredita em uma debandada.
Depois da vitória contra o Coritiba eu conversei com os jogadores e todos, inclusive estes dois, manifestaram o desejo de permanecer no ano que vem, conta o dirigente. Eu tinha dito para o Manoel no começo de 2011 que, se no final do ano aparecesse um comprador, eu não me oporia. Mas isso vale para o meu mandato, que acaba dia 15, ressalta.
Quanto às perdas financeiras em 2012, Malucelli admite que publicidade e patrocínios irão despencar, mas não sabe especificar em cifras. Não tenho esse número. Vai ficar a cargo da próxima diretoria fazer a avaliação. Internamente, especula-se uma baixa de 40% nas receitas.
Outro complicador é o local dos jogos. Sem a Arena, em obras, a casa segue indefinida. Para não perder sócios por falta de cadeiras e comodidade, a ideia é jogar como locatário no estádio do Coxa, o Couto Pereira.
Pelo menos o Furacão tem um trunfo: o dinheiro da televisão. Pelo contrato, o Rubro-Negro mantém no primeiro ano fora da elite o mesmo valor acordado caso estivesse no primeiro escalão R$ 29 milhões, o dobro do que recebeu neste ano. É o mais endinheirado da Segundona.
Graças ao aporte, o Atlético desembarca na divisão inferior como favorito para conseguir o acesso.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?tl=1&id=1200693&tit=Atletico-encara-lado-B