Clubes europeus põem em prática formas de burlar o Fair Play Financeiro
PSG anuncia patrocínio bilionário de banco pertencente a grupo que controla o clube. City segue a mesma linha e seus advogados já tentam lutar contra a norma da Uefa
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LANCEPRESS! – 20/09/2012 – 22:00 Rio de Janeiro (RJ)
Ibrahimovic foi uma das contratações milionárias do PSG (Foto: Bertrand Guay/AFP)
Na mesma semana em que estreou na Liga dos Campeões com uma goleada de 4 a 1 sobre o Dinamo de Kiev, o Paris Saint-Germain também chamou atenção por mais uma notícia de bastidores. Segundo a imprensa francesa, o clube está perto de acertar um patrocínio que poderá lhe render até 400 milhões de euros (R$ 1 bilhão) em quatro anos de contrato.
A instituição é o QNB Bank, do Qatar, que assim como o PSG pertence ao Qatar Investment Authority. Ela substituiria a Fly Emirates, que paga 3,5 milhões de euros (R$ 9,2 milhões) por temporada. O QNB Bank é a maior rede bancária do Oriente Médio e do Norte da África, com ativos de US$ 91 bilhões (R$ 184 bilhões).
Mesmo ainda não confirmada, a possibilidade é vista na França como uma manobra para burlar a regra do Fair Play Financeiro, defendida pela Uefa. A nova regra garante sanções econômicas, como proibição de contratar, aos clubes que gastarem mais do que arrecadarem em uma temporada.
Sendo assim, um patrocínio bilionário justificar gastos de 147 milhões de euros (R$ 386 milhões) em contratações. Manobra semelhante poderá ser tomada pelo Manchester City, clube também controlado por investidores do Oriente Médio, o Abu Dhabi United Group.
Atualmente a Etihad Airways, que pertence ao mesmo grupo, tem expectativa de injetar no City cerca de 500 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão) em patrocínios no período de dez anos. Ao mesmo tempo, advogados ligados aos donos do clube entraram com um recurso na Corte Europeia de Justiça, em Luxemburgo, na intenção de derrubar o Fair Play Financeiro, alegando que a lei é anticompetitiva.
Maneiras de burlar o Fair Play Financeiro:
Altos patrocínios
Uma das manobras que poderá ser mais utilizada é a injeção de dinheiro em forma de patrocínio, a fim de equilibrar os balanços dos clubes.
Naming rights
Outra forma de atrair capital. Empresas dos controladores de clubes como PSG e Manchester City podem pagar para dar o nome a estádios destas equipes. A verba também entra na contabilidade oficial da instituições.
Salários
Os valores pagos podem ser maquiados com o acréscimo de bônus pagos por patrocinadores.
Bate-Bola
Fernando Ferreira
Sócio da Pluri Consultoria, especialista em marketing esportivo
Manobras como a do PSG serão cada vez mais comuns?
Certamente. Sempre haverá uma forma de contornar legislações como o Fair Play Financeiro. E se você for levar a questão para o aspecto jurídico, não há como provar que o PSG está agindo fora da lei.
Então não há uma forma de coibir estes altos investimentos?
Eu acho que a Uefa está errada ao tentar limitar os investimentos nos clubes de futebol. Acho que ela deveria se preocupar com outros aspectos, como as distorções salariais que inflacionam o mercado.
E quanto aos clubes que pedem um controle ainda maior da Uefa, como o Bayern de Munique?
O Bayern não tem investidor, mas é uma potência econômica. Na Alemanha ele se utiliza do seu poder financeiro para se sobrepor. Ao invés de reclamar, eles deveriam trabalhar para atrair também investidores para o clube.
Com a palavra
Bertrand Blais
Correspondente no Brasil do jornal L’Equipe (FRA)
Times franceses não devem sofrer tanto
Antes da Uefa resolver introduzir o Fair Play, a Liga Francesa, por meio de uma comissão (DNCG), já fazia esse controle entre as equipes. Há uma tolerância pequena em relação ao déficit, mas não vejo como os times da França poderão ter problema. Os donos do PSG já estão acostumados ao DNCG, logo não terão problema. É válido que utilizem patrocínios excessivos para aumentar a tolerância com o que pode ser gasto. Está no contrato da Uefa, tem que ser aceito.
Com a palavra
Martin Lipton
Repórter do Daily Mirror (ING)
Manobra não está exatamente errada
Não acho que certas manobras feitas para esticar o que pode ser gasto pelos clubes possam estar erradas. Sabemos que o City vendeu o naming rights de seu estádio por um valor absurdo, justamente para uma empresa ligada a seu dono. Isso faz com que os Citizens possam aumentar os gastos sem atingir um déficit em sua balança. O Chelsea também faz isso com patrocínios secundários e esses clubes não estão necessariamente errados.
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