Neymar e Messi: respectivamente o sexte e primeiro jogadores mais caros do mundoMUNDIAL DE CLUBES
Duelo de supertimes dentro e fora do campo
Barcelona, modelo de gestão esportiva, e Santos, exemplo de administração no futebol brasileiro, tentam coroar ano com título do Mundial de Clubes
Publicado em 18/12/2011 | ADRIANO RIBEIRO
A final do Mundial de Clubes, entre Santos e Barcelona, não se resume ao confronto dentro do gramado e o tão esperado duelo de Messi com Neymar. A partida deste domingo, às 8h30 (horário de Brasília), extrapola os limites da do Estádio Internacional de Yokohama, no Japão. Estarão frente a frente o modelo de maior sucesso mundial em gestão esportiva do time espanhol e um projeto de administração da equipe santista, que tenta seguir os passos das europeias.
Atuais campeões da Copa Libertadores e da Liga dos Campeões da Europa, respectivamente, Santos e Barcelona lideram, em seus continentes, a lista dos clubes com maior valor de mercado. Cinco dos dez jogadores mais valorizados em nível mundial, atualmente, estarão em campo na decisão. Neymar, avaliado em R$ 122 milhões, representa o Santos na seleção dos valiosos, o sexto mais jogador mais caro do mundo. Messi é o primeiro, valendo exatamente o dobro de Neymar: R$ 244 milhões.
Para o especialista em gestão e marketing esportivo e economista da empresa Pluri Consultoria, Fernando Ferreira, os altos valores ligados aos atletas tem relação direta com a maneira como as duas equipes vem sendo administradas.
Há uma influência forte entre o valor dos clubes e dos jogadores. Equipes em melhores condições de gestão conseguem atrair melhores atletas e montam um plantel mais forte, analisa. Sem o Neymar, o Santos fica mais próximo de outros times brasileiros, mas, mesmo assim, continua entre os mais valorizados das Américas, acrescenta.
Dois fatores principais colaboram para os bons resultados do Peixe dentro e fora de campo. O primeiro diferencial é Neymar. Principal revelação do futebol brasileiro, o jogador tem vínculo com o Santos até 2014. Mesmo abrindo mão, recentemente, de 30% da receita publicitária gerada pelo atleta, o clube paulista espera lucrar nos próximos anos com a presença do jogador, por meio de patrocínios de camisa e bilheteria, por exemplo.
Outro ponto importante, segundo Ferreira, é a tranquilidade nos bastidores pela qual passa o clube. O grande problema dos times brasileiros é a interferência política. O Santos está fechando espaço para estes movimentos e valorizando a profissionalização. A gestão do futebol tem de ser blindada nos clubes, pois é preciso estabilidade a longo prazo, defende o economista.
Apesar da boa avaliação santista, ainda existe um abismo até o padrão estabelecido pelo Barcelona. A frase Mais que um clube, estampada na camisa azul-grená, reflete a realidade de uma equipe que se tornou uma marca global. Não à toa, as receitas do time espanhol em 2011 superam R$ 1 bilhão o Santos deve fechar o ano com um faturamento cerca de seis vezes menor: R$ 155 milhões.
A diferença é enorme e nunca vai ser superada, pois a projeção do Barcelona é muito maior. Eles são exemplos, diz Amir Sommogi, diretor da empresa de consultoria BDO Brasil e especialista em gestão esportiva.
Outros dados da BDO reforçam isso: o Barça tem 176 mil sócios, contra 38 mil dos santistas. A média de público dos catalães é de 79.191 frente a 8.892 do Peixe. Nas redes sociais, a lavada aumenta. O time azul-grená tem 2,3 milhões de seguidores no Twitter e o alvinegro apenas 212 mil.
Contra Messi, Xavi, Iniesta, Fàbregas e companhia, o desafio é indigesto para o time da Vila Belmiro, porém pode ser recompensador. O Santos tem um projeto bom, mas o caminho ainda é longo. O clube tem de fortalecer a entidade, não se restringindo ao Brasil. O título do Mundial é fundamental para abrir portas para uma expansão geográfica, emenda Sommogi.