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Espanha ignora pé de obra do Brasil

Espanha ignora ‘pé de obra’ do Brasil
Campeões do mundo colocam os boleiros do país em segundo plano na hora de contratar. Dos 1.063 brasileiros que atuam fora, apenas 25 jogam na elite espanhola

Publicado em 29/12/2011 | GUSTAVO RIBEIRO

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Muitos jogadores brasileiros jogam na Europa, poucos em ligas principais; Veja infográfico

Categorias de base cobiçam cartilha do Barça
Marcio Reinecken
O sucesso do futebol espanhol, a organização do Barcelona e o mercado de contratações cada vez mais seletivo parecem servir de alerta para os formadores de boleiros no país.
Na linha de frente, onde estão as categorias de base, o apelo para a mudança de cultura chega com ainda mais força. O discurso – pelas entrevistas com coordenadores de clubes da capital – tem uma nota só: não se pode cobrar resultado dos futuros profissionais. A ideia é priorizar fundamento e tática, exatamente nos moldes do Barça.
“Recentemente, fui com o sub-11 do Atlético disputar um campeonato na Polônia. O Barcelona tam­­bém estava no torneio. E é impressionante ver aqueles garotos de 11 anos jogando da mesma maneira que os profissionais”, conta Raphael Biazzetto, diretor das escolinhas e categorias de base do Furacão.
No Leste Europeu, com os meninos, o time azul-grená também foi campeão. Mas, há 40 anos, foi exatamente uma derrota considerada vexatória que fez o clube revolucionar a maneira de formar atletas. Em 15 de abril de 1972, o time juvenil do Barce­lona perdeu o título da Copa Catalunha, fato que refletiu decisivamente na derrota santista no Mundial deste ano. A partir da­­quela data, o clube mu­­dou a coordenação de base e toda a sua me­­todologia.
O sistema não é mais novidade depois de tanto falatório sobre o time – chama-se “a bola é minha” e continua sendo utilizado até hoje por lá. Con­­siste em utilizar jogadores mais técnicos em todas as posições, atuar com o mesmo sistema da equipe profissional e, principalmente, estimular rapidez e entendimento do jogo das crianças e adolescentes, sem se importar muito com os resultados.
Algo possível, mas ainda difícil de se pensar no Brasil. “A cultura do futebol brasileiro nas categorias de formação ainda é baseada nos resultados e títulos. Muitas vezes para um treinador o título é mais importante do que o processo de criação do atleta, até porque aquele é o momento dele, e pensa somente no resultado imediato. Por isso é papel do clube dar o suporte necessário para que o treinador de cada categoria tenha tranquilidade caso isso não aconteça”, afirma André Mazzuco, coordenador do Coritiba.
Ele ressalta a importância de ha­­ver uma ligação entre os departamentos amador e o profissional. “A integração deve acontecer para que este processo seja único e verticalizado. […] O Co­­ri­­tiba vem passando por uma trans­­formação muito grande nos últimos anos. A filosofia do clube é focada na formação de jogadores.”
No Paraná, a mudança ocorreu em meados deste ano. Primeiro, o clube fez uma limpa nos empresários. Logo após, a coordenação da base sentou com o técnico Guilher­me Macuglia para unificar um sis­­tema. O clube vê com bons olhos a possibilidade de utilizar garotos para jo­­gar a Se­­gunda Divisão do Para­­naense.
“O Paraná não vinha fazendo essa junção [com o profissional]. Penso na formação do atleta utilizando a filosofia de jogo do profissional”, afirma Marcelo Galiano, coordenador das categorias de base do Tricolor. “Antes, havia mui­­tos empresários. Agora são todos atletas do Paraná. São eles que podem reverter essa situação.”


Inabalável, o futebol do Brasil segue como o principal exportador de “pé de obra”. Não por acaso que, chegando ao final de 2011, são 1.063 boleiros do país atuando nas 60 maiores ligas pelo mundo afora. Mas o “produto” tem certa dificuldade de entrar no mais seletivo mercado: a Espanha.

Curiosamente o solo espanhol representa apenas 2,4% desse total, com 25 jogadores atuando na Primeira Divisão. É o oitavo principal destino brasileiro, que tem Portugal, Japão e Itália no topo da lista. Os dados são do 1.º Painel Pluri Futebol 2011, da Pluri Consultoria.

Apesar de ter uma pequena participação no total, no país campeão mundial vale a máxima de que o importante é a qualidade e não a quantidade. Quan­­­­do é levado em conta o valor de mercado dos atores da bola, a terra de Barcelona e Real Madrid se destaca. Só os brasileiros, juntos, valem R$ 490 milhões. Nú­­mero inferior apenas ao da Itália (R$ 582 milhões). O país da bota, entretanto, tem nove brasileiros a mais.

São nomes como o do lateral-direito do Barcelona, Daniel Al­­ves, o 19.º mais valioso do mun­­do (R$ 86,6 milhões). Ou de Kaká e Marcelo (R$ 73,2 e 61 mi­­lhões, respectivamente), ambos do Real Madrid. Além de Diego (Atlé­­­­tico de Madrid), Julio Baptis­ta (Málaga) e Nilmar (Villarreal).

Outro mercado que começa a despontar como um destino para os brasileiros mais valiosos é a Inglaterra. Porém a Espanha segue vencendo a briga. “São duas características diferentes. A Inglaterra tem até a quarta divisão. A Espanha só primeira e a segunda, e por isso maior concentração de poder nos dois principais times”, explica o es­­pecialista em gestão e marketing es­­portivo e economista da em­­presa Pluri Consultoria, Fernan­­do Ferreira.

As questões culturais são os principais pontos que ainda apon­­tam para a península ibérica. “Se eu levar uma proposta da Espanha e da Inglaterra para um jogador, com certeza ele vai querer ir para a Espanha. É o que há de melhor, tanto para o atleta co­­mo para o empresário”, afirmou Marcos Malaquias, empresário que negociou o zagueiro Henri­que e o atacante Keirrison para o Barça.

Em algumas ocasiões, atuar em uma equipe de menor ex­­pres­­são espanhola pode valer mais. É o que acredita Mala­­quias. “Até em times pequenos, jogar contra o Barcelona ou o Real Madrid acaba pesando muito para o jogador. Tem a facilidade da língua e o futebol é mais parecido com o do Brasil.”

Os dados demonstram a atual fragilidade do futebol brasileiro – prova concreta foi o show do Barcelona na final do Mundial da Fifa contra o Santos (4 a 0). Suficiente para uma reflexão. “Há uma sensação clara de que estamos ficando para trás e isso fica nítido ao longo do tempo”, lamenta Ferreira.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?tl=1&id=1207724&tit=Espanha-ignora-pe-de-obra-do-Brasil

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