Estudo aponta 17 fatores que têm afastado o público dos estádios
Hoje em Dia
Reprodução/Mancha Negra
Torcida do Académica, de Portugal, protestou em 2007 contra a os horários e preços dos ingressos
Nesta quinta-feira (27), a Pluri Consultoria divulgou um estudo que tenta desmitificar o porquê dos baixos públicos nos estádios brasileiros. Segundo a empresa de consultoria esportiva, a violência, os altos preços dos ingressos e a baixa qualidade das arenas são os três principais motivos para que apenas 4,6 mil torcedores prefiram o conforto de seu lar à emoção das arquibancadas. O relatório, chamado de 17 motivos para não ir aos estádios está dividido em oito fatores de alto impacto e nove de média e baixa relevância.
Além dos três anteriormente citados, a empresa entende que a oferta de jogos em pay-per-view, a existência de outras opções de entretenimento, a pouca importância das partidas, os adversários de baixa tradição ou qualidade e a má fase eventual das equipes contribuem de forma significativa para o torcedor preferir o conforto do lar.
Entre os pontos de médio e pequeno impacto, o relatório aponta que podem ser determinante para a baixa procura os horários das partidas, a dificuldade na compra de ingressos, o acesso ruim às arenas e as ofertas ruins de meios de transporte, estacionamento, alimentação e serviços. Fatores climáticos e excesso de partidas transmitidas pela TV também foram citados.
A consultoria avalia que esses problemas estão por trás de um pressuposto equivocado cultivado por anos dentro dos clubes, de que a paixão pelo futebol faz com que o torcedor aceite qualquer desaforo para ver de perto o seu time do coração. Segundo a Pluri, resolver um ou outro fator isoladamente não trará o torcedor de volta, é preciso atuar de forma ampla, sob todos os aspectos.
Veja, abaixo, os principais pontos do relatório da Pluri Consultoria:
Fatores de alto impacto sobre o público
Violência A cada problema de segurança dentro ou fora dos estádios, piora um pouco mais a imagem do futebol como alternativa de entretenimento. E nesse cenário é justamente a família, o melhor perfil de público-alvo, a que mais se afasta;
Preço dos ingressos Nos últimos anos o preço dos ingressos disparou no Brasil, enquanto a qualidade do produto entregue ao torcedor (cliente) permaneceu muito ruim. E com o aumento da oferta (maior número de jogos) decorrente de um calendário ruim, a situação se agrava. Existe uma correlação direta (beta) entre o aumento dos preços e a queda do público médio nos estádios mas, paradoxalmente, quanto mais vazio fica o estádio, mais o preço do ingresso sobe. É uma estranha forma que o futebol brasileiro encontrou de revogar a lei da oferta e procura;
Qualidade dos estádios A nova geração de estádios mudará o nosso cenário em termos de equipamentos. Porém, considerando as arenas inauguradas recentemente, continuamos com o mesmo padrão de serviços de sempre;
Oferta de pay per view Não há como negar que a possibilidade de assistir a vários jogos com conforto, comodidade e segurança, próximo aos amigos e à família são vantagens que o pay-per-view oferece em relação à ida ao estádio, principalmente a um custo próximo a R$ 70/mês. Porém, não podemos esquecer que a TV paga aos clubes por este direito de transmissão, cabendo a eles calcular se o que recebem por isso compensa a perda de receita resultante da fuga do torcedor;
Outras opções de entretenimento (cinemas, teatro, bares, praia, etc) No passado, ir ao jogo de futebol era uma das poucas alternativas de diversão para boa parte da população, um dos motivos a explicar os grandes públicos de décadas atrás. Hoje o futebol está sob ataque claro de diversas outras formas de entretenimento, geridas de forma muito mais profissional e orientadas a oferecer ao cliente o máximo possível como experiência de lazer. E na medida em que o preço do ingresso aumenta, o futebol disputa justamente o público que mais tem opções de entretenimento para consumir;
Pouca importância dos jogos Com competições extensas e pouco atraentes (estaduais) a maior parte dos jogos tem pouca importância, concentrando a atenção dos torcedores dos principais times (os que tem mais torcida) apenas nos jogos decisivos;
Baixa qualidade / tradição do adversário Com campeonatos que misturam equipes profissionais com semi-profissionais (estaduais), os torcedores escolhem ir apenas aos jogos de qualidade menos ruim;
Nível de competitividade do time local / má posição na tabela Fase ruim, estádio vazio. Essa é uma máxima para a maior parte dos Clubes, provando que a ida ao jogo de futebol não é vista pelo torcedor como uma experiência plena de entretenimento. Nesse ponto, nada melhor do que se espelhar nos esportes americanos.
Fatores de médio e baixo impacto sobre o público
Horário dos jogos é certamente um fator negativo, mas a quantidade de jogos que ocorrem fora do horário convencional é relativamente pequena em relação ao total de jogos, portanto seu impacto sobre a presença total de público nos estádios é menor do que parece;
Dificuldade na compra de ingressos Um bom castigo para o torcedor é enfrentar filas intermináveis para comprar ingressos, prática medieval em pleno século XXI. E o que dizer de comprar pela internet e depois ter que entrar numa fila para pegar o ingresso? Tem isso!; o Acesso ruim ao estádio (incluindo localização, acesso e transito no entorno) Muitos estádios não sofrem deste problema, mas em alguns certamente é um fator que faz o torcedor pensar 10 vezes antes de ir ao jogo;
Oferta de Meios de transporte Em alguns estádios, a baixa oferta de meios de transporte que acessam o estádio desestimula a ida do torcedor. A situação se agrava nos jogos que iniciam mais tarde;
Oferta de estacionamento (custo, quantidade de vagas e proximidade) Nada pior do que ir a um jogo tendo que pagar caro para deixar o longe, e sob os cuidados de flanelinhas, que simplesmente estão ali para cobrar um pedágio do torcedor;
Oferta de alimentação Você conhece algum lugar onde se coma tão mal, pagando tanto, como um estádio de futebol?;
Oferta de serviços Ao contrário do que ocorre na Europa e EUA, a oferta de produtos e serviços disponível para o torcedor é pequena, diminuindo a atmosfera de jogo que por si só seria um atrativo para o torcedor;
Clima O problema afeta principalmente as cidades mais frias e chuvosas, em especial em estádios que não são preparados para dar ao torcedor o conforto que ele teria, por exemplo, se assistisse ao jogo em sua casa;
Excesso de jogos na TV A overdose de jogos tem o seu efeito, mas maioria das partidas que passa na TV (campeonatos europeus, jogos de seleções, etc) acontece em horários diferentes dos campeonatos pelo país, o que reduz o impacto deste fator sobre a ida de público aos estádios.
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Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/esportes/estudo-aponta-17-fatores-que-tem-afastado-o-publico-dos-estadios-1.106552