Público e Renda

No futebol, até quando uma criança pode virar a casaca?

No futebol, até quando uma criança pode virar a casaca?
Por Sérgio Ruiz Luz, 
pai de Luca, de 1 ano, de Thaís, de 17,
e editor executivo de VEJA SÃO PAULO

Neymar(zinho): palmeirense (Foto: Reprodução)

O atacante Neymar sempre jurou de pés juntos que torcia desde criancinha para o Santos. Um vídeo (assista abaixo) divulgado pelo programa Fantástico no último domingo (2) mostrou que a coisa não era bem assim. A gravação foi feita quando o craque tinha 12 anos. No depoimento, os olhos do garoto brilhavam ao falar do futebol da equipe do… Palmeiras! “Sempre fui palmeirense”, contou. “Porque eu lembro da época que o Palmeiras era campeão, com o Evair.” É compreensível que os jogadores escondam suas preferências de infância, sobretudo quando dizem respeito a clubes rivais. Em seus tempos de Palmeiras, o atacante Kléber “Gladiador” enfrentou uma tremenda saia justa. Um jornal publicou uma cópia de sua carteirinha da Gaviões da Fiel, maior torcida organizada do Corinthians. Viola, ídolo e goleador do Timão nos anos 90, torcia para o alvi-verde do Parque Antártica. Alguns, como Ronaldo Fenômeno, assumiram em público a mudança de preferência. O artilheiro, que era flamenguista, declarou-se convertido ao bando de loucos no período em que atuou no Parque São Jorge e jura, até hoje, manter-se fiel ao credo corintiano.
Os boleiros apenas reproduzem um comportamento que é mais comum do que se imagina entre os torcedores, principalmente os jovens. “Até os doze anos, a chance de virar a casa é maior”, acredita Fernando Ferreira, sócio da Pluri Consultoria, empresa responsável por vários estudos sobre futebol no Brasil. Ferreira também prepara no momento um livro sobre o processo que leva um torcedor a escolher um determinado time como o de seu coração. “Em um primeiro momento, o peso da opinião do pai é grande, mas sua influência pode se perder com o tempo”, explica. Os ídolos esportivos, principalmente os mais carismáticos, estão entre os principais fatores que podem levar os fãs a mudar a camisa. Quando esse craque atua em um clube vencedor, a combinação é quase irresistível. “O Flamengo na época de Zico e, mais tarde, o São Paulo de Raí, representam bons exemplos disso”, lembra Ferreira. De acordo com os estudos da Pluri, apenas quatro clubes brasileiros sofrem menos riscos de perder gente nas arquibancadas: Grêmio, Internacional, Corinthians e Atlético-MG. As pesquisas da consultoria mostram que essas torcidas são muito mais comprometidas com seus times, independente da fase em que se encontram nos campos. “Sempre que o Corinthians é eliminado de uma competição, pipocam nas redes sociais frases como ‘corintiano não vive de títulos, corintiano vive de Corinthians’”, afirma Ferreira. “É uma ferramenta poderosa, pois cria entre os torcedores o sentimento de pertencer a uma comunidade especial, um vínculo que é muito difícil de ser quebrado”, complementa o especialista.

Fonte: http://vejasp.abril.com.br/blogs/criancas-sao-paulo/2013/06/09/neymar-palmeirense-ate-quando-crianca-pode-virar-a-casaca/

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