Finanças

Irresponsabilidade fiscal?

A Lei de Responsabilidade Fiscal oficialmente Lei Complementar nº 101 foi implementada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O principal objetivo era e ainda é tentar impor um controle de gastos de estados e municípios condicionado à capacidade de arrecadação de tributos de cada um para, em uma linguagem mais simples, evitar que essas unidades da Federação gastem mais do que ganham.

A lição parece básica e serve de exemplo para qualquer empresa e até na vida pessoal. Mas, muitas vezes, fica só na intenção. Um estudo realizado pela Pluri Consultoria, divulgado ontem, mostra o impacto dos salários dos treinadores de futebol sobre a receita dos clubes. Claro que o vencimento desses profissionais não ultrapassa a receita bruta dos times comandados, mas os dados obtidos pela pesquisa demonstram que os altos salários pagos aos técnicos são um dos motivos que levam o time a quebrar uma imaginária Lei de Responsabilidade Fiscal do futebol e, consequentemente, se afogar em dívidas.

Segundo o estudo, entre os 22 clubes do mundo que mais gastam com treinadores, comparado ao faturamento bruto, estão cinco brasileiros. Em segundo lugar, atrás apenas do PSG, que gasta 15,9% da receita com Carlo Ancelotti (veja quadro), aparece o Fluminense, cujo treinador, Abel Braga, ganha £3.5 milhões ao ano, equivalente a 11,4% do montante bruto arrecado pelo tricolor carioca em 12 meses. Em quinto, está o comandante do Grêmio, Vanderlei Luxemburgo (£3 milhões ao ano 5,5% da renda do clube) , em sexto, o treinador do Santos, Muricy Ramalho (£3 milhões 4,1%) e, em 15º, Tite, professor dos corintianos (£3 milhões 2,7%).

Especialista em Gestão e Marketing do Esporte, diretor da Pluri e autor do estudo, Fernando Ferreira defende que nenhuma empresa deveria pagar ao seu diretor um valor anual que representasse mais de 2% do faturamento da organização. No mundo real das empresas, se falássemos que o presidente ganha mais de 5% do faturamento bruto, seria um choque. Isso não existe, afirma. Estes 5%, 6% pagos pelos clubes aos treinadores ainda nem levam em conta premiações, encargos sobre a folha. Se considerarmos tudo isso, o valor aumenta consideravelmente. E ainda tem o resto da comissão técnica, jogadores, funcionários e outras despesas, ressalta.

Para ele, as equipes brasileiras não têm compromisso nem se preocupam com as finanças, gastando muito mais que suas possibilidades. “Em vez de gastar 60% da receita com gastos essenciais, considerado o ideal, os clubes daqui usam 110% do que recebem e amargam dívidas”, argumenta. De acordo com Fernando, deveria existir um teto para salários de treinadores e jogadores, caso contrário, cada novo gestor eleito vai querer gastar mais para trazer estrelas, ganhar títulos, deixando o mandato para o sucessor cheio de dívidas. É o que acontecia muito na política, antes da implementação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Precisamos de uma legislação menos frouxa para os clubes, sugere. Na Europa, eles têm uma lei desse tipo. Claro que alguns times conseguem burlar, mas já cria um empecilho.

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