Há cinco anos na elite do Campeonato Paulista, o Mirassol começa a colher frutos da sua organização. Ainda há o que fazer, porém o time é o único da região que figura na lista dos 40 clubes mais ricos da região Sudeste, de acordo com estudo realizado pela Pluri Consultoria, especializada em negócios esportivos. O estudo faz uma somatória do valor de cada jogador do elenco. Na lista dos 100 mais ricos do Brasil, o Leão da Araraquarense está em 69º colocado. Na região Sudeste é o 38º. Na lista, o Leão está avaliado em R$ 10,1 milhões. O preço médio por atleta chega a 300 mil.
O Santos, com o elenco avaliado em R$ 315 milhões, lidera. Somente o atacante Neymar é responsável por R$ 127 milhões. No ranking, o Mirassol está atrás da maioria dos seus concorrentes no Paulistão . Antes dele, por exemplo, figura o Ituano, em 35º, com o valor do elenco em torno de R$ 11 milhões.Levamos mais de um ano nesse estudo. Temos uma ferramenta para analisar os jogadores, considerando 15 aspectos. Desde a qualidade técnica, tática, facilidade de se enquadrar na equipe, retorno de marketing, títulos, explicou o coordenador do estudo Fernando Pinto Ferreira, que elogiou a presença do Leão na lista.
São Paulo é um Estado rico, portanto a competição entre os clubes do Interior é grande. O fato do Mirassol estar entre os 40 mais valiosos do Sudeste merece comemoração, por se tratar de uma cidade de apenas 50 mil habitantes.Segundo o presidente do clube, Edson Ermenegildo, só o fato de o Leão figurar na lista já é uma satisfação. É fruto de um trabalho que vem sendo feito há anos. A vantagem, é que o Mirassol não tem dívidas. Dessa forma, podemos investir no departamento profissional tudo o que arrecadamos, sem a preocupação com dívidas, afirmou.
Para Ferreira, a agremiação tem condições de subir posições no ranking. Para isso, deu dois conselhos: O primeiro é formar e vender jogadores de forma lucrativa, o que permite financiar a atividade futebolística do clube. Depois, engajar a região, e não não apenas a cidade, de forma a aumentar o público consumidor e gerador de receitas (torcida). É um processo de longo prazo.Esta semana o clube deu um passo importante com o objetivo de estruturar, agora, a categoria de base. Na última quinta-feira, foram apresentados treinadores para o sub-15 (Paulo César Stênico, ex-Ponte Preta), sub-17 (Douglas Santos, ex-Olímpia) e o sub-20 (Carlão Viana, ex-São Caetano).
A filosofia é trabalharmos para utilizar os garotos no profissional. Não temos a necessidade de vendê-los. Só se houver interesse de um clube de maior expressão é que podemos negociá-los, garantiu Ermenegildo. A partir desta semana, o clube receberá jovens interessados para peneiras. Queremos formar um grupo de qualidade. Vamos ser muito seletivos nas avaliações, acrescentou Paulo César, treinador do sub-15.
Com uma média de 2,3 mil pagantes por jogo, o Mirassol deixa a desejar no quesito público. Contra times do Interior, a média de público 1.175 pagantes. A vitória contra o XV de Piracicaba, na última quarta-feira, teve 1.105 pagantes. Já na derrota para o Santos, foram registrados 8.116 pagantes, o que na visão de Ermenegildo é algo que os clubes do Interior precisam rever. Não dá para reunir 20 mil pagantes contra o Corinthians e, na próxima rodada, não ter nem mil torcedores.
O presidente mirassolense reconhece. O público em nosso estádio é aquém da expectativa, poderíamos ter três mil torcedores, no mínimo. Entendemos que se deve aos jogos que são transmitidos na tvs aberta e fechada. Se você passar pela redondeza do estádio, verá os bares recheados de torcedores, analisou o cartola.
O elenco de R$ 10 milhões
Nas últimas edições do Campeonato Paulista, o Mirassol não fez feio. Pelo contrário, no ano passado chegou a liderar o Paulistão, à frente de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. Com um elenco modesto, avaliado em R$ 10 milhões, conforme estudo da consultoria Pluri, o time reluta em contratar jogadores famosos, principalmente em fim de carreira. O medalhão precisa ser muito profissional para ter estímulo de jogar em time pequeno. Queremos uma equipe homogênea, disse o presidente do Mirassol, Edson Ermenegildo.
Do time atual, surgem atletas com passagens por clubes da elite, como o lateral esquerdo Márcio Careca, cedido por empréstimo pelo Vasco e que perdeu a posição com o técnico Ivan Baitello. O cartola garante que o clube segue regras para contratar. Os jogadores são indicados, após uma pré-avaliação da comissão técnica. Também pedimos informações nos dois últimos clubes por onde o jogador passou. Temos cuidado demais para não errarmos. Outra característica do elenco mirassolense é que jogadores como o zagueiro Dézinho, o volante Acleisson e o meia Xuxa, já passaram pelo clube e sempre estão de volta. Damos condições de trabalho, honramos o compromisso salarial. Por isso somos bem aceitos.
Rubro e Jacaré tentam sobreviver
A palavra falência é um pouco forte. Porém, longe da Série A-1 do Campeonato Paulista, América e Rio Preto correm sérios riscos, na visão do especialista em especialista em gestão e marketing de clubes de futebol, Amir Somoggi. Os dois clubes não empolgaram na Série A-2 deste ano e em seus jogos – no Riopretão e Teixeirão – reúnem poucos pagantes. Podemos observar clubes de cidades ricas do interior do estado, como Rio Preto, que não se estruturam para o ambiente do futebol. Esses clubes não trabalham o seu marketing, não se estruturaram para revelar jogadores e possuem dirigentes poucos qualificados, com uma visão ainda amadora, opinou Somoggi. Não precisamos ir tão longe, em relação a São Paulo. Olha a riqueza que tem na região de Campinas, uma das mais ricas do Estado, e Guarani e Ponte Preta não se fortaleceram.
Segundo o presidente do Rio Preto, Vergílio Dalla Pria, o problema do clube não está na gestão. Nos anos anteriores entregamos o marketing a um empresa de Minas Gerais e depois a uma de Rio Preto. Eles não conseguiram uma propaganda no estádio. Até gostaria que houvesse um debate entre dirigentes e esses especialistas que criticam dirigentes.Para Dalla Pria, todo o clube depende diretamente dos contratos com televisão. E para quem está fora da Série A-2 essa verba da televisão quase não existe. Na Série A-1 do Paulista, um time grande tem 9 milhões de cota, e um médio de 1,6 milhão de reais. No A-2, como não tem transmissão, há uma cota de R$ 106 mil, disse Dalla Pria. Na A-2, que não tem transmissão pela televisão, é difícil você fechar propaganda na camisa, no estádio.
Thomaz Vita Neto |
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Poucos torcedores veem Rio Preto e Monte Azul: faltam atrativos |
Falta turbinar bilheterias
Boas bilheterias e parcerias dos clubes com empresários locais. Estas são duas das soluções apontadas por especialistas de finanças esportivas para que os clubes da região possam dar a volta por cima. No entanto, a média de público dos clubes da região, incluindo Catanduvense e Mirassol, integrantes da Série A-1, além de Rio Preto e América, na A-2, é decepcionante. Antigamente, você pagava o salário com a bilheteria de dois ou três jogos em casa. Hoje, a renda do não paga o custo do próprio jogo, como funcionários, ICMS, disse o presidente do Rio Preto, Vergílio Dalla Pria Neto.
Fernando Ferreira, da Pluri Consultoria, atesta para a questão do calendário. Nota-se que boa parte dos clubes do interior, investem com disposição para o campeonato estadual, o que ocorre somente no primeiro semestre do ano. É preciso que os clubes pequenos pressionem por uma mudança no calendário, com atividades por um período maior do ano, o que poderá permitir geração de receitas e também maior vínculo com o torcedor, disse Ferreira. Se o torcedor de uma cidade do interior só torce pelo time durante o estadual, ele naturalmente passará a torcer por um time da capital ao longo do tempo, pois vai se criando um vínculo.
O América vive um momento diferente este ano. O clube, através de uma parceria com a empresa Compettit, do investidor Dimas Macedo, montou um elenco caro para a Série A-2 do Campeonato Paulista e tentará manter uma base forte para a Copa Federação Paulista de Futebol. Estamos conversando com a comissão técnica para que continue, queremos montar um time competitivo na Copa Federação, o que deixaria também uma base pronta para o Paulista do ano que vem. Esse ano tivemos que começar tudo do zero, disse Zanirato.
Segundo o cartola americano, uma das soluções para um clube do Interior sobreviver é firmar parcerias. O parceiro dá o suporte financeiro, e não só isso. Também participa nas ações do clube, como o marketing, deixa o legado empresarial. Por outro lado, ele participará na revelação de jogadores e o América, subindo à A-1, a história é outra.
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