Pluri View

Fair Play europeu abre era da austeridade

Endividados, clubes do mercado mais rico do futebol se veem obrigados a cortar despesas. Impacto será sentido no Brasil


Publicado em 07/02/2012 | MARCIO REINECReceba boletinsAum


Neste inverno do Velho Con­­ti­­nente, sempre aquecido em gastos em reforços, a contratação mais cara foi a do brasileiro Thiago Mo­­ta, que se transferiu da Inter de Mi­­lão para o PSG por 10 milhões de euros o clube francês, uma exceção bancada por um fundo de in­­vestimento árabe, foi quem mais gastou, 42 milhões de euros

Dentro de campo – O Liverpool não passou do 0 a 0 com o Tottenham, ontem, diante de sua torcida, no encerramento da 24ª rodada do Campeonato Inglês. O time da casa contou com o retorno do uruguaio Luis Suárez (foto), que cumpriu suspen­­são nos últimos oito jogos por causa de ofensas racistas a Patrice Evra, do Manchester United. O Tottenham, con­­tudo, jogou desfalcado do seu treinador. Harry Reknapp não conseguiu chegar a tempo de comandar o time do banco de reservas após viajar até Londres, onde se defendeu de uma acusação de evasão fiscal.

Tire as dúvidas Entenda as regras de gestão financeira na Europa. O que é o Fair Play Financeiro?
É um sistema de controle das finanças dos clubes filiados a Uefa.
Na prática, quais critérios que os clubes terão de cumprir? O conceito principal é a obrigação de os clubes não poderem ter despesas superiores às receitas no conjunto das três últimas temporadas.
Que receitas e despesas contam?

As receitas relevantes para este cálculo são, entre outras, os direitos televisivos, bilheteira, publicidade, patrocínio, transferências de jogadores. Em relação às despesas, serão integradas nos cálculos os custos operacionais, como os de pessoal, salários, transferências de jogadores entre outras.
O Fair Play Financeiro já está em vigor? Não. Mas a partir de junho, início da temporada 2012/2013, as contas dos clubes passam a ter impacto na primeira avaliação de gastos dos clubes.

As novas regras incluem alguma forma de transição? Sim. Na avaliação no início da temporada de 2013/14, os clubes não poderão ter perdas superiores a 45 milhões de euros nas duas temporadas anteriores. Em 2014/15, não poderão ultrapassar os 45 milhões negativos na soma dos três últimos exercícios. E entre 2015/16 e 2017/18, o déficit não pode superar os 30 milhões, sempre tendo em conta os resultados financeiros das últimas três temporadas. Quem ultrapassar os limites é automaticamente excluído da competição? Não, mas correrá sério risco de ser penalizado. Assim que um clube apresentar prejuízos superiores a cinco milhões de euros, passa a estar sob avaliação da Uefa.


Então terá de apresentar relatórios trimestrais e planos para solucionar o problema.
Que sanções podem ser aplicadas aos infratores? O quadro de penas ainda não está definido, mas inclui exclusão da competição, suspensão de atividade desportiva, retirada de pontos nas competições europeias e proibição de inscrição de jogadores. Qual será o impacto dessa política no futebol brasileiro?
Com os clubes se obrigando a economizar, a tendência é que ocorra uma retração do mercado de transferências internacionais, assim como redução salarial dos jogadores.

O motivo para a retração tem nome: Fair Play Financeiro. Em linhas gerais, uma série de normas e penas criadas pela Uefa (a associação europeia do esporte) para tentar evitar o endividamento de seus filiados. Um estudo divulgado há uma semana aponta que os clubes da região têm um total de 8,4 bi­­lhões de euros em dívidas (aproximadamente R$ 19,1 bilhões).


Os balanços de 650 equipes de primeira divisão, filiadas a 53 associações nacionais, mostraram o crescente rombo. Em relação a 2009, o déficit cresceu 36%. Mais da metade das agremiações (56%) apresentou resultados negativos.


E 29% deles registraram o que a Uefa chama de “perdas significativas gastam mais de 12 euros para cada 10 euros que arrecadam.

O primeiro impacto visível des­­sa norma será mesmo na transferência de jogadores, com menos negociações, menos jogadores indo e, quando forem, será com va­­lor de mercado menor do que normalmente se pagava, afirma o consultor esportivo José Carlos Bru­­noro.


O especialista também prevê outro efeito prático. Os clubes de lá, hoje, já estão pensando em em­­préstimo para ver se os brasileiros se adaptam. Então a forma de gastar o dinheiro vai mudar um pouco. Porque esses clubes têm como filosofia, mesmo que falte dinheiro, achar uma solução para que o time seja competitivo. É isso que dá renda para eles


Mesmo sem um levantamento oficial e geral da queda nas transações, alguns mercados já fecharam seus números. No principal deles, o inglês, a queda nas transações com relação ao mesmo período do ano passado foi de quase quatro vezes. No início de 2011, foram mo­­vimentados 225 milhões de libras (R$ 619 mi­­lhões). Agora, o gasto total dos principais clubes da Inglaterra foi de cerca de 60 mi­­lhões de libras (R$ 165 milhões).


Com a permanência deste ce­­nário, dois horizontes surgem pa­­ra o futebol brasileiro. Em longo prazo, a tendência é que a baixa dos salários na Europa se reflita também por aqui, o que seria be­­néfico para o negócio. Antes disso há o risco do mesmo endividamento por parte das agremiações brasileiras.
Essa é uma chance de ouro pa­­ra os clubes do Brasil. Com o crescimento de receita [principalmente vindas da televisão], desde que não saíssem gastando por conta, eles teriam condições se equa­­cio­nar em três anos, afirma Fer­­nan­do Ferreira, da Pluri Con­­sul­­toria.


Mas ele não acredita que isso possa acontecer sem uma regulamentação semelhante à utilizada pela Uefa ou por uma mudança dos próprios clubes.

Opinião semelhante à de Bru­­noro: Deveria aproveitar a sensível melhora na condição financeira dos clubes e ter uma profissionalização séria da gestão. Quem sair na frente vai ganhar na frente. Quem mantiver essa gestão emocional vai chegar lá na frente com um en­dividamento muito séri, alerta.
Para quem resistir, o cenário se­­ria dos mais otimistas. Desde que a Uefa mantenha a palavra e cumpra as penalidades para quem não cumprir o que é pedido pelo Fair Play Financeiro como o veto de não participar dos torneios quem apresentar déficit.


Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/esportes/conteudo.phtml?id=1220924&ch=

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